Das moças bonitas como ela
(excerto )
Poema de ANTONIO MIRANDA
“Das moças bonitas como ela
Conta-se que uma moça bela
Numa noite de lua cheia
Na lagoa foi banhar.
Não acreditava em Iemanjá
Nos seus feitiços e perigos... tantos
Repletos em seus encantos
Deixando na areia, a roupa sua
Nas águas escuras pôs-se a entrar
em nada, porém precisar.
Fazendo as mãos uma concha, apanha
Água fria e cristalina, tamanha
Ela admirou-se, pois dissemos
Ser negra e já conhecemos
Sua fama, seu esplendor
Sua beleza, inspiração ao cantor.
Pôs-se a banhar / o silêncio tão profundo
Dava para sentir.
Já estava disposta a sai
Quando tragicamente foi ao fundo
E seu corpo não mais apareceu
A moça que era bela
Nas águas da lagoa morreu.”
***
Poema escrito em 1954, ao treze ou quatorze
anos, quando estudava na Escola Agrícola Ildefonso
Simões Lopes, em Seropédica, na zona rural do Rio de
Janeiro.
|